Link para matéria sobre o caso no site O Globo
https://oglobo.globo.com/brasil/mulher-negra-inserida-em-grupo-de-whatsapp-sofre-ofensas-racistas-assuma-seu-lugar-de-inferioridade-total-25149903

RIO – A militante e influencer Carol Inácio, de 26 anos, comemorava seu aniversário na tarde do último domingo quando recebeu o pior presente que poderia imaginar. A jovem engajada em causas como o feminismo negro e o empoderamento da mulher, em Colatina (ES), foi inserida em um grupo de WhatsApp formado por homens racistas e que se afirmavam como nazistas.

Logo após ser adicionada, Carol começou a receber ofensas. “Negras fedem a bicho”, “mesma coisa que transar com animal”, “no BBB 2022 poderia ter uma senzala de vidro só para negros”, escreveram os membros.
Um outro perguntou: “Se chegar uma Nêga Obesa pra você, dizendo que você é privilegiado e tem que dar a vez para ela, o que você vai fazer?”. Como resposta um membro escreveu: “dou uma paulada na cabeça dela”.

Ofensas recebidas por Carol Inácio no grupo Foto: Reprodução
Carol acredita que as agressões foram motivadas pelo seu posicionamento público a respeito do racismo e do feminismo. Ela integra o Movimento de Mulheres Negras de Colatina e se descreve como uma “afroencer”, palavra que une o afro com suas atividades de influencer nas redes sociais.
— Fisicamente eu estou ótima, mas psicologicamente eu estou um pouco abalada, tenho crises de choro o tempo inteiro. Eles mandaram coisas pesadas, como fotos de pessoas afirmando o nazismo e vídeos de Hitler. E também uns argumentos infantis, tipo: fala mal de branco mas usa celular feito por branco — afirmou Carol.

Grupo opressor
Chamado de Realities – Red Pill Opressor, o grupo tinha na descrição um resumo do que seus membros pensam: “Somos homens, brancos, hetero normais, devido a isso te oprimimos, né? Portanto, assuma seu lugar de inferioridade total”, dizia a apresentação.
Logo abaixo da descrição havia mais algumas frases que davam a tônica do que se discutia ali, como “gayzismo é doença” e “feminismo é lixo”. Na imagem do grupo, constava uma sequência de placas. A primeira era uma caveira com a palavra “toxic” e uma seta apontada para as logomarcas dos movimentos Black Lives Matter, LGBTQIAP+ e do feminismo, todas com um traço em cima, em sinal de reprovação.

O grupo tinha 129 integrantes, seis deles com números do exterior, inclusive o administrador que se apresenta apenas como Anderson. Ele tem um telefone com código de Massachusetts, nos Estados Unidos, e se descreve como uma pessoa nazista e que odeia gays e nordestinos.

Carol salvou todas as mensagens e denunciou o caso à Polícia Civil. Ainda na noite de domingo ela fez um boletim de ocorrência online e aguarda o contato dos agentes. Procurada pelo GLOBO, a corporação informou, em nota, que “o boletim foi validado através da Delegacia Online e encaminhado à Delegacia de Infrações Penais e Outras (DIPO) de Colatina para apuração dos fatos”.

A corporação também destacou que todas as informações recebidas serão investigadas e ressaltou que a população pode usar o Disque-Denúncia, no telefone 181, para fazer novas denúncias. Com a ferramenta, não é necessário se identificar. As informações ainda podem ser enviadas por meio do site, onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas.

Primeiras ofensas
Anderson já havia adicionado Carol a um grupo anteriormente, em 22 de julho. Na ocasião, o administrador da turma inseriu a jovem influencer em um outro fórum no WhastsApp, chamado de “Abaixo ao negrismo”.

— Eles postaram uma foto da minha tia tomando vacina com uma máscara escrita “fora, Bolsonaro”. E isso foi assustador porque eles conhecem minha família e a gente acha que vai encontrar uma pessoa te esperando na porta de casa. Eu tirei print, saí, denunciei o grupo e fiz meu primeiro boletim de ocorrência online — explicou.
Carol continuou a ser perseguida depois que deixou o “Abaixo ao negrismo”. Alguns membros persistiram em enviar mensagens privadas. Esse assédio tem feito a influencer pensar em sair da cidade de Colatina. Mas ela sustenta que não abre mão da militância.
— Eu não vou baixar minha cabeça, não vou deixar de ser quem eu sou, nem deixar de postar meus conteúdos porque é isso que eles querem — finalizou.

Link para matéria sobre o caso no site Revista Forum
https://revistaforum.com.br/brasil/sudeste/2022/5/25/integrante-de-grupo-neonazista-que-atacou-influencer-de-mg-negras-fedem-bicho-117849.html

Link para matéria sobre o caso no site G1
https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2022/05/25/policia-civil-identifica-em-uberlandia-integrante-de-grupo-neonazista-que-ofendeu-ativista-negra-do-espirito-santo.ghtml

Link para matéria sobre o caso no site Isto É
https://istoe.com.br/policia-identifica-membro-de-grupo-neonazista-que-ofendeu-influencer-negras-fedem-a-bicho/

Envie para seus amigos