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(A PARTIR 2:27:00)
De acordo com o levantamento da P Safe, o número de tentativas de golpes virtuais financeiros dobrou em fevereiro na comparação com janeiro deste ano. O modus operandi de criminosos vai desde links falso até cópia de sites muito conhecidos. O objetivo é obter dados bancários e pessoais das vítimas que facilitem o acesso. Entre as vítimas, pessoas com mais de 75 anos e jovens de 18 a 24 anos são as mais comuns, segundo um levantamento da empresa LexisNexis Risk Solutions.
No final da manhã de uma quinta-feira, Sílvia recebeu uma mensagem de um número desconhecido. No WhatsApp, o contato se apresentou como um dos filhos dela, alegando que o celular estava na assistência técnica e que ele ficaria com um número provisório. Após alguns minutos, ele voltou a mandar mensagens, dizendo que precisava de dinheiro para investimentos. “Isso, na minha família, é bem tranquilo, porque nós já combinamos, nós temos esse combinado, precisou de dinheiro, vamos ver entre família, não entre em empréstimo bancário. E, aí, automaticamente, eu falei, ‘OK, manda aí os dados bancários’ e fiz. Fiz um pix, daí a pouco outro. Esse foi o primeiro dia, porque no total foram quatro dias”, conta Sílvia.
O criminoso, se passando pelo filho de Sílvia, disse que havia se envolvido com agiotas. Mesmo cismada, neste momento, supostamente vendo o filho em apuros, a aposentada não pensou racionalmente. “O coração de mãe falou mais alto, mas foi muito difícil. E eu fiz outras transferências. No quarto dia, foi uma conversa de família, mandei foto, como se tivesse realmente falando com meu filho. A coisa pensamos tão bem conduzida que eu não desconfiei em momento nenhum, porque esse meu filho é engenheiro, é difícil falar com ele, a gente depende bem que ele ligue, eu não tinha a menor dúvida que eu estava falando com meu filho. Ele sabia de coisas da família”, comentou.
Sílvia só percebeu que se de um golpe quando falou com o filho por telefone e comentou sobre os dois números que ele supostamente estava usando. “Porque o sentimento de impotência, de vergonha, eu não tinha vontade de falar com ninguém. Eu sentia vergonha mesmo. Porque você é uma otária, você se sente uma otária”, diz a aponsentada. O golpe do qual Silvia foi vítima tem se tornado cada vez mais comum.
O perito em crimes digitais Vanderson Castilho deixa um alerta e explica o motivo de as principais vítimas para esses golpes digitais estarem nas faixas etárias de mais de 75 anos e entre de 18 a 24 anos. “Quem está com 78, 75, 70 anos tem pouco conhecimento tecnológico. E o oposto acontece com essa geração Z, que acredita em tudo que tem na internet. Ela nasceu dentro da internet, ela aprende tudo na internet e ela sabe tudo pela internet. O excesso de confiança faz também com que essas pessoas se tornem as principais vítimas sem dúvida nenhuma. Uns dos golpes mais comuns que estão acontecendo hoje é aquele WhatsApp falso, se passando por alguém da família, pedindo dinheiro emprestado e pagar no dia seguinte, ou materiais eletrônicos ou domésticos sendo vendidos por redes sociais que já estão hackeadas, ou ofertas de empregos maravilhosos. Essas iscas fazem com que essas vítimas não avisadas caiam perfeitamente”, explica.
Sílvia ainda aguarda alguma resolução por parte dos bancos e da polícia, mas deixa um recado para outras pessoas que também forem vítimas desse tipo de golpe. “Como mãe, é muito passar por essa situação. Mãe é mãe, não adianta, nós somos uma leoa quando é preciso e também somos uma manteiga derretida, porque não tem como segurar. Mesmo sabendo, os meus filhos já tinham me avisado. Mas a tela que veio era dele. E a primeira mensagem, por que eu ia ligar se ele estava sem telefone? A modalidade do golpe muda. Quando que eu esperava uma mensagem dessa? E ele me abordou de uma forma costumeira em qualquer família. Eu estou nessa situação, me expondo, sim, sem vergonha hoje, e fortalecida”, finaiza.
*Com informações da repórter Nanny Cox