Link para matéria sobre o caso no Jornal de Brasília
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Estelionatários estão aplicando golpes virtuais em plataformas de compra e venda no DF
O golpista toma o posto de mediador da negociação enganando tanto o vendedor real do produto quanto o comprador
Por Redação Jornal de Brasília
27/05/2022 2h03
Foto Marcelo Casall Jr / Agência Brasil
Por: Marcos Nailton
redacap@grupojbr.com
A fim de buscar melhores ofertas na compra de produtos, muitos brasilienses utilizam a alternativa de comprar itens em sites de compra/venda na internet. Porém, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), esse tipo de negociação pode apresentar diversos riscos, entre eles, a possibilidade de golpes virtuais.
Foi o que aconteceu com o estudante de enfermagem da Universidade de Brasília (UnB), Matheus Costa, o universitário foi ludibriado pelo golpista na última terça-feira (24) ao se interessar por um celular semi-novo que estava em um anúncio de compras online. A vítima chegou a realizar uma transferência por meio do pagamento eletrônico instantâneo PIX de 800 reais, valor anunciado pelo golpista. Após perceber que se tratava de um golpe, Matheus foi imediatamente até a 3.ªDP do Cruzeiro fazer um boletim de ocorrência.
“No momento foi difícil de acreditar pois não era a primeira vez que eu comprava pela internet, então eu já tomava certos cuidados, só realizei o pagamento do produto na presença da pessoa com o produto em mãos, […] Estou seguindo todos os meios possíveis para resolver, seja com o banco ou com a polícia. Estou um pouco chateado pois é um problema que dá dor de cabeça, mas infelizmente é assim que se aprende”, contou Matheus Costa.
Entenda o golpe
A 3.ª Delegacia de Polícia Civil do DF informou ao Jornal de Brasília, que esse tipo de ocorrência é comum mesmo antes do lançamento do PIX, basicamente, o criminoso clona o anúncio do verdadeiro vendedor do produto, porém com os dados para contato diferentes. A vítima quando pesquisa o produto se depara com o anúncio falso que tem os dados do estelionatário, e por meio disso, o criminoso finge que é o dono do produto para a vítima e que é o comprador para o verdadeiro vendedor.
Após as negociações, o estelionatário intermedeia a conversa com o vendedor e o comprador e no momento em que ambos vão se encontrar pessoalmente para realizar a negociação, o bandido diz que não poderá comparecer e fala para ambos que um parente irá no lugar dele. Feito isso, o comprador do produto acha que o verdadeiro vendedor é um representante do estelionatário, vice e versa, e realiza o pagamento para a pessoa errada sem saber.
Como se previnir?
Em entrevista ao Jornal de Brasília, o perito e especialista em crimes cibernéticos, Wanderson Castilho, informou que o golpe é velho, e que inclusive já investigou inúmeros casos que envolvem até transferências de 250 mil reais. Wanderson destaca que nesse tipo de negociação o comprador deve se atentar a três pontos: A transferência tem de ser feita apenas na presença da pessoa que está vendendo e não na de terceiros; Deve se atentar a grandes descontos; e realizar o pagamento apenas para a conta com o nome da pessoa que está negociando.
“Ou você conversa com a pessoa que realmente disse que estava vendendo ou você não faz nenhuma tratativa quando você vai pessoalmente, [..] A vítima precisa perceber que qualquer negociação que tenha um descontos muitos excepcionais, existem muitas chances de ser fraude também”, destacou Wanderson Castilho.
O perito ressaltou que a ação de colocar um parente para realizar a negociação é um grande indicativo de ser uma fraude, segundo ele, quem tem interesse de vender está ali pessoalmente na hora e não coloca um terceiro. Wanderson Castilho também conta que é de extrema importância que o comprador verifique os dados passados para fazer a transferência.
“A pessoa deve, por obrigação, averiguar mais que três vezes, pegar o nome, o CPF, fazer uma busca no google, e pedir ajuda para ver se as informações batem, […] A negociação é feita para a conta de quem está vendendo e não de terceiros, […] Se esses três pontos aparecerem, é golpe na certa”, contou.
O especialista em crimes cibernéticos também observou que as vítimas sempre apresentam as mesmas reclamações, a primeira é a falta de informação e campanha maciça por parte do Estado, segundo ele, deveria haver mais divulgação dos crimes que acontecem na internet. E a segunda é que as vítimas se sentem desoladas e sem apoio.

Alternativa de assistência
Como forma de amparo a essas vítimas de golpes cibernéticos seja ele qual for, há a possibilidade de entrar em contato com a Associação Nacional das Vítimas de Internet (ANVINT), que é uma associação civil, sem fins lucrativos ou econômicos que presta um primeiro atendimento esclarecedor ao internauta, com finalidade de acolher a vítima de crime de internet, oferecendo informações e orientação de profissionais experientes.
“A associação atende gratuitamente essas vítimas, prestando atendimento com advogados para ajudar essas vítimas, […] Cerca de 70% dos casos é judicialmente possível ter o dinheiro de volta, porque a transferência geralmente é feita para a conta de um laranja e se for comprovado, o banco do golpista tem a obrigação de devolver o dinheiro em razão das falhas no sistema bancário”, contou Wanderson Castilho.
A ANVINT é formada por um grupo de advogados que auxiliam as vítimas e pode ser solicitado a assistência gratuitamente pelo site.

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